Meteorologista denúncia precariedade do sistema de previsão do tempo no Amazonas
Manaus – AM - O sistema de previsão do tempo
no Amazonas, que é o maior estado do país em extensão territorial e possui
muitas peculiaridades na sua climatologia, está precário, conforme informou o
presidente do Núcleo Regional do Amazonas da Sociedade Brasileira de
Meteorologia (NRAM-SBMET), Guilherme Figlioulo, em entrevista ao Portal AM POST.
Vale destacar que o meteorologista é o profissional que estuda os processos físicos que ocorrem na atmosfera e sua interação com a superfície terrestre. As informações obtidas pelos profissionais da meteorologia subsidiam as tomadas de decisões na agricultura, navegação aérea, terrestre e aquática, além de estudar e monitorar a dispersão de agentes poluentes e/ou o excesso ou a falta de recurso hídrico, por exemplo.
“É importante que no nosso estado a gente
tenha melhorias no sistema de previsão do tempo porque os meteorologistas
trabalham em situação muito precária aqui, temos pouquíssimas estações
meteorológicas para fazer a medição das variáveis, que são importantes para dar
entrada nos modelos de previsão, e isso torna cada vez mais desafiador o nosso
trabalho no Amazonas”, declarou o especialista.
De acordo com Figlioulo, a situação é tão
complicada que o distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) do
Amazonas, que era sediado em Manaus e atendida aos estados do Acre e Roraima,
foi desativado pelo Governo Federal no ano passado e as estações meteorológicas
nos três estados passaram para a coordenação do Inmet em Belém (PA). O
fechamento do distrito em Manaus representa uma grande perda para à região.
“Sem o distrito do Amazonas, o Pará fica sobrecarregado
para fazer a previsão para quatro estados”, explicou.
Guilherme também destaca que apesar de haver
o curso de graduação em Meteorologia, na Universidade do Estado do Amazonas
(UEA), que forma profissionais capacitados, a região possui apenas a
meteorologista Lenisia Souza, atuando na Defesa Civil que fica responsável por
emitir alertas para todos os 62 municípios do Amazonas e isso gera uma
sobrecarga muito grande.
Questionado sobre os motivos para que a
situação tenha chegado nesse ponto, o especialista afirma que acredita que seja
uma mistura de falta de conhecimento e interesse por parte do governo. Ele
também destaca que o NRAM-SBMET está trabalhando para melhorar o cenário local
e divulgar mais a profissão.
“Acredito
que seja falta de interesse e conhecimento. Já entramos em contato com alguns
órgãos tentando mostrar a importância de ter meteorologistas nesses lugares mas
ainda não obtivemos retorno. Então, nós como núcleo estamos tentando trabalhar
nessa vertente de divulgar a profissão e também fiscalizar para que não haja
pessoas desqualificadas desempenhando o papel”, disse.
---
Fonte e Foto: reprodução AM Post